Bruno Dinis pratica hóquei em patins desde os seis anos. Já passou pelo ‘Olá Mouriz’ e a Associação Desportiva de Valongo e compete agora na equipa de juvenis da ADPenafiel. O paredense pode estar entre os 10 escolhidos da seleção sub-17 que vai tentar renovar o título no campeonato europeu em agosto, na França. Na próxima época pode mesmo fazer parte do plantel da equipa de hóquei em patins do Benfica.

Como nasceu esta paixão pelo hóquei em patins?

Jogo hóquei há 10 anos. Comecei por causa de um primo que jogava na equipa do Olá Mouriz. Um dia levou-me a ver um treino e a partir daí comecei a praticar. Normalmente os jovens preferem o futebol, mas qualquer pessoa pode e sabe chutar uma bola. No hóquei em patins temos de dominar duas artes, patinar e controlar a bola com o stick.

São dois trabalhos à parte que um jogador deve fazer, tentando alcançar uma harmonia entre os patins e o stick. É preciso gostar mesmo. A leitura de jogo é também muito importante. E foi isso que gostei no hóquei, a complexidade do jogo e a exigência a todos os níveis.

É um desporto muito rápido dinâmico. Um jogador sabe que se perder a bola tem de ser muito rápido a recuar e a ajudar na defesa. Há dois anos a seleção portuguesa perdeu o Campeonato da Europa aqui em Paredes a seis segundos do final da partida. É um jogo muito rápido mesmo e, por isso, o resultado pode mudar em questão de segundos.

Sempre sonhaste fazer carreira profissional no hóquei?

Essa ideia só começou a crescer nestes últimos anos. No início jogava apenas por gosto e paixão pelo desporto e nessa altura nem sequer tinha ideia de que pagavam a jogadores para competir. Só nestes últimos anos é que comecei a pensar em seguir isto no futuro, como profissional, ainda que acredite que não vá conseguir sobreviver apenas com o dinheiro que ganhar no hóquei.

Há jogadores profissionais que recebem, mas que necessitam de ter outro trabalho para sobreviver. Por isso os estudos e a minha formação estão em primeiro lugar.

Terminei agora o 10.º ano e estou a pensar mudar de curso. Quero tentar seguir para a faculdade e conciliar tudo com o hóquei, que seria um complemento.

 “O hóquei vai sempre fazer parte da minha vida”

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 Os juvenis de hóquei em patins da ADPenafiel terminaram em 4.º lugar no campeonato nacional e em primeiro no distrital. A época foi positiva a todos os níveis?

Terminamos o campeonato nacional em 4.º lugar depois do Valongo, do Braga e de Campo. Ganhamos o último jogo ao Braga e no campeonato distrital estivemos invictos. Tivemos 12 jogos e conseguimos 12 vitórias.

Tendo em conta estes resultados e o facto de o Penafiel ter começado há pouco tempo a competir, a época foi muito boa.

Logo no primeiro ano que vim para o Penafiel, em 2011, fizemos um bom campeonato. Mas a época seguinte foi a melhor até hoje. Conseguimos ir à final do campeonato distrital, que perdemos por 2-1, mas depois no nacional ficamos entre os primeiros lugares. Foi uma época muito boa mesmo.

Os objetivos da equipa foram alcançados?

Todos os objetivos que o treinador colocou no início da época foram alcançados. Queríamos lutar pela conquista do campeonato, mas no nacional já conseguimos um quarto lugar e para uma equipa que tem pouco tempo já foi muito bom.

Foi um campeonato difícil?

Estávamos em dois campeonatos e por isso foi mais complicado. Tínhamos dois jogos e dois ou três treinos por semana. O campeonato nacional é muito mais exigente. Competíamos equipas muito mais fortes, que treinam cinco vezes por semana.

Ali quem trabalha mais e tem mais treino é quem consegue chegar mais longe. Ainda assim, e apesar de existirem muitas outras equipas com mais condições do que a ADPenafiel, já começamos a impor algum respeito e isso mostra que também soubemos marcar a nossa posição. A juventude nesta equipa tem sido o fator chave para alcançar vitórias. A união do grupo e a vontade de ganhar sempre são dois importantes aspetos que tornam a nossa equipa mais forte.

Como está a situação para a próxima época?

Ainda não sei. No final desta época recebi várias propostas de clubes. Recebi um convite do Benfica para ir para Lisboa na próxima época. Mas ainda não está nada decidido.

A proposta do Benfica foi a mais aliciante?

Foi a primeira e a mais interessante, não só por ser o Benfica, um clube com uma dimensão grande e que me pode oferecer excelentes condições para competir, mas porque se aceitar vou ter a possibilidade de continuar a estudar ao mesmo tempo e aperfeiçoar a minha formação no hóquei.

Neste momento ainda estou a ponderar com a minha mãe a minha ida para o Benfica e tudo o que isso vai implicar na minha vida. Não tenho dúvidas que é uma excelente oportunidade, mas quero ponderar muito bem o que vou fazer. Ou fico no Penafiel ou vou para Lisboa.

 “O convite do Benfica deixou-me orgulhoso”

O que o leva a ponderar ficar no Penafiel por mais uma época?

Principalmente a equipa. Somos muito unidos e funcionamos como uma família. Já estou plenamente integrado neste grupo e sei que se continuar vou ter a mesma dinâmica de trabalho. Se me pusessem um papel para assinar para a próxima época ainda não sei se assinava. A proposta do Benfica dá-me a possibilidade de aprender com jogadores mais experientes e tenho a certeza que este ano seria de grandes evoluções.

Mas este convite acaba por ser o reconhecimento do teu trabalho…

Se o Benfica me quer a competir na sua equipa é sinal de que trabalhei para conseguir dar nas vistas e atrair a atenção de um clube grande e com nome. Recebi mais duas propostas, mas é claro que o convite do Benfica me deixou orgulhoso pelo meu trabalho.

O teu pai foi determinante para o início da tua carreira no hóquei…

Se não fosse ele, muito provavelmente, hoje não estaria no hóquei. Ele foi o meu principal apoiante e conselheiro durante todos estes anos. Entrei para o hóquei em patins com seis anos, por força do meu pai. Fiz toda a minha formação no Olá Mouriz e depois estive três anos no AD Valongo e estou há três no AD Penafiel. Ele esteve presente em todas estas fases.

A formação no Olá Mouriz foi importante para sonhar com ‘voos’ mais altos?

Sem dúvida. Estive desde os seis anos no ‘Olá Mouriz’ e aprendi a patinar e a dar os primeiros toques na bola. Aprendi muita coisa com o Sr. Camilo no ‘Olá Mouriz’. Mas saí porque o clube deixou de jogar no pavilhão de Paredes e passou para Baltar.

Na altura o meu pai falou com o Sr. Camilo, que também tinha saído do Olá Mouriz para o Valongo, e comecei a treinar lá. Só não continuei mais tempo porque a deslocação para Valongo implicava muitas despesas. O Penafiel tinha uma equipa boa e por isso resolvi mudar novamente.

“O meu pai foi o meu principal apoiante e conselheiro”

Como vês a modalidade em Portugal?

Só no norte do país existem muitas equipas de hóquei em patins. Mas não tem crescido o suficiente nestes últimos anos. O futebol domina praticamente o tempo de transmissão de jogos nas televisões e, por isso, o hóquei acaba por não captar tantas atenções como outros desportos, não só o futebol.

Só acompanha o hóquei em patins quem gosta, ao contrário do que acontece no futebol onde a grande maioria das pessoas, ainda que não goste muito, sabe e acompanha mais ou menos as equipas e os clubes. No hóquei só as grandes equipas a nível nacional, como o AD Valongo e o Braga, por exemplo, é que acabam por ser notícia.

O Valongo sagrou-se campeão nacional e a conquista do campeonato foi bastante divulgada aqui na região. Mas tirando isso não há grande divulgação e cobertura dos jogos. Parece que só quando se é campeão é que vale a pena falar do hóquei.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição em papel, de 4 de julho, ou subscreva a assinatura no nosso site.