SOBRE FUTEBOL

Por Juvenal Brandão, Treinador de Futebol UEFA Pro (Grau IV), Licenciado em Gestão de Desporto

Portugal tem dos melhores treinadores do Mundo. Mais novos e mais velhos, mais experientes e menos. Todos a percorrer o seu caminho. Há épocas melhores e épocas piores, mas em 2019/2020 há um conjunto que para mim esteve em destaque pela positiva. Não quero esquecer Luís Castro e Pedro Martins que foram campeões nacionais no estrangeiro, pela primeira vez, Nuno Espírito Santo que repetiu o brilhante 7º lugar com o Wolverhampton em Inglaterra a jogar de uma forma apaixonante, nem o brilharete de Jorge Jesus no Brasil, mas destaco por cá:

SÉRGIO CONCEIÇÃO. Conquistar o 2º título de campeão em 3 anos, num FC Porto mergulhado em dificuldades financeiras e sem contratar jogadores de topo é algo de grande mérito. Foi contestado, colocou o lugar à disposição em janeiro, mas levou os dragões a novo título.

JOÃO PEDRO SOUSA. A conquista do 6º lugar do Famalicão, que regressou à 1ª Liga 25 anos depois, é qualquer coisa de inimaginável. Lutou pelas competições europeias até ao último minuto da última jornada. Os famalicenses jogaram como equipa grande. Melhor que a maior parte. Promoveu talentos desconhecidos. Estou certo que está preparado para entrar num dos grandes.

VÍTOR CAMPELOS. Estreou-se na 1ª Liga e com números que não impediram que saísse do Moreirense à 14ª jornada, com 17 pontos. Vá se lá saber porquê… Segue na Arábia Saudita, mas em breve regressará a um clube com ambições europeias, estou certo.

RICARDO SOARES. Depois de um ano sabático, por opção, regressou à 2ª Liga e a fazer um trabalho de grande nível no Sp.Covilhã, foi chamado pelo Moreirense. O arranque custou, mas a equipa assimilou as suas ideias: viu-se qualidade e apresentou resultados, batendo recordes. A merecer outros voos.

VÍTOR OLIVEIRA. Gostava de o ver num dos ditos 3 grandes e acho que já provou merecê-lo. Pegar no Gil Vicente, vindo do 3º escalão, diretamente para o 1º, com um plantel todo novo, e conseguir a manutenção de forma tranquila, quando todos o davam como principal candidato à descida, é mais um título a juntar às muitas subidas.

PEPA. Tirou o Paços de Ferreira da descida que parecia certa e após a retoma (da pandemia) viu-se um Paços a jogar de forma vistosa. Muito mérito do treinador.

CARLOS CARVALHAL. O Rio Ave volta às competições europeias. Carvalhal juntou os resultados a excelentes jogos de futebol. Vai para o Braga com a ideia de se meter na luta com os grandes e voltar a ficar à frente do Sporting.

FILÓ. A estreia na 1ª Liga, ao serviço do Paços de Ferreira, foi curta demais. Tinha um plantel debilitado e não resistiu aos maus resultados. Voltou à 2ª Liga e quase levava o Feirense à subida, só que o campeonato foi dado por encerrado, pela pandemia.

VASCO SEABRA. Mais surpreendente do que a sua ida para o Mafra foi a época que fez. O Mafra jogava ao ataque, deu bons espectáculos e teve uma classificação honrosa (4º lugar). O jovem técnico pacense vai voltar à 1ª Liga.

ÁLVARO PACHECO. Em apenas 2 anos como treinador de séniores já subiu aos campeonatos profissionais. Na época anterior, no Fafe, ficou perto, esta época, no Vizela, conseguiu. Equipa com personalidade, cheia de rigor e critério. A imagem do seu treinador, que é uma das promessas do futebol português, no meu entender.

AGOSTINHO BENTO. Magnífico trabalho no São Martinho, época após época. A equipa é de uma intensidade, agressividade e objectividade evidentes. Joga ao ataque. É de poucos rodeios. Não mastiga o jogo. Faz da sua casa uma fortaleza. Digam o que quiserem, mas Agostinho Bento apresenta resultados!

PEDRO BARROSO. Estreou-se nos campeonatos nacionais e teve uma época excelente. Começou mal, mas recuperou e terminou em 2º lugar que, a manter-se, lhe dava acesso ao play-off de subida à 2ª Liga.

NA SOMBRA…

VÍTOR SEVERINO. Adjunto de Luís Castro, a extensão do treinador. Quando quiser será mais um treinador principal e tem tudo para singrar.

VÍTOR BRUNO. Braço direito de Sérgio Conceição, é outro talento que vai dar que falar. Acredito que vai fazer o seu caminho como chefe de equipa com muito sucesso.

São tantos, e tão bons, os treinadores portugueses que ainda é preciso ir buscar treinadores estrangeiros, muitos deles sem provas dadas. A chegada do austríaco, de 30 anos, Dominik Glawogger, para os sub-23 do Vitória SC, é o mais recente exemplo do absurdo. Só falta mesmo contratar-se dirigentes estrangeiros.