11 Setembro, 2025

Entrevista a Sónia Brito: “Decidimos mudar de vida para manter a família unida em Portugal”

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por Ricardo Leal

Fundada em 2015, a Baby Gi é hoje uma marca de referência na moda infantil, com produção 100% portuguesa e presença em 15 países. À frente do projeto estão Sónia Margarida Ribeiro Ferreira de Brito e o marido, Alfredo Lopes Moreira. Em entrevista, Sónia fala-nos do início da marca, da importância da produção local, da inspiração para as colecções e da forma como a Baby Gi alia conforto, sustentabilidade e internacionalização.

 

Como nasceu a Baby Gi?

Na altura, eu era professora contratada e vivia na incerteza constante de onde seria colocada. O meu marido, engenheiro, tinha negócios em Angola e estava muitas vezes fora. Com dois filhos pequenos, tomámos a decisão de mudar de vida para ficarmos juntos em Portugal. A ideia de criar uma marca surgiu daí. A mãe do meu marido já trabalhava na área têxtil há mais de 35 anos e começámos com ela como parceira de produção. Criei a imagem da marca, os primeiros modelos e colecções, enquanto o meu marido tratou de toda a parte burocrática e financeira.

A marca teve logo uma forte aposta na internacionalização. Como foi esse processo?

No primeiro ano de atividade, participámos em 17 feiras internacionais com o apoio do programa Compete2020. Foi fundamental para mostrar o valor do “Made in Portugal” e levar a Baby Gi além-fronteiras. Hoje, já estamos presentes em 15 países e continuamos a querer crescer de forma sustentável.

A produção é 100% nacional. Porquê essa escolha?

Sempre fizemos questão de manter tudo em Portugal. Começámos com produção externa, mas rapidamente percebemos que, para garantir qualidade e controlar custos, era essencial internalizar o processo. Hoje, controlamos tudo — desde a compra das matérias-primas ao corte, confeção, controlo de qualidade e embalagem.

O conforto do bebé é uma prioridade declarada. Como isso se reflete nas peças?

Desde o início que escolhemos usar fibras naturais, como o algodão, porque são mais suaves e seguras para a pele do bebé. Todas as peças são pensadas para proporcionar o máximo conforto, com um design simples, funcional e intemporal. Embora haja tendências de cor ou padrão, o essencial mantém-se: branco, azul e rosa continuam a ser os tons mais procurados.

Como surgem as colecções?

Desenvolvemos duas grandes colecções por ano — primavera/verão e outono/inverno —, sempre a partir de um tema central. Por exemplo, o tema da colecção atual de verão é “Fun in the Sun”, que nos inspirou para mini-colecções como a “Ocean” (roupa de praia) ou a “Meadow” (com padrões florais campestres). Temos também linhas permanentes, como a “Angel” ou a “Little Royals”, que continuam no topo das vendas ano após ano.

A Baby Gi também tem dado passos na sustentabilidade. Pode falar-nos disso?

Sim, criámos uma parceria com a plataforma “Sell 1 by 1” na nossa loja online. Os clientes podem devolver roupa usada e, em troca, recebem um vale para usar em novas compras. As peças devolvidas são recondicionadas ou doadas. Queremos promover um consumo mais responsável e circular, mesmo tratando-se de roupa de bebé, que é muitas vezes usada apenas por pouco tempo.

E o futuro? O que está nos vossos planos?

Queremos continuar fiéis àquilo que construímos: uma marca com identidade própria, centrada na qualidade, no conforto e no design simples. Estamos atentos às necessidades do mercado e abertos a novas matérias-primas ou acabamentos, mas sempre sem perder os nossos valores. O próximo passo é consolidar a presença nos mercados onde já estamos e continuar a crescer, com os pés bem assentes em Portugal.

A Baby Gi é um exemplo de como se pode criar valor local com impacto internacional. Qual é o maior orgulho neste percurso?

É, sem dúvida, ver que uma ideia que começou numa mesa de cozinha, com vontade de mudar de vida, se transformou numa marca respeitada, com uma equipa de 40 pessoas e clientes em vários cantos do mundo. E o mais importante: continuamos juntos, enquanto família e enquanto empresa.