11 Setembro, 2025

Beatriz Meireles: 40 anos, dois livros e um jardim cheio de emoção

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por Ricardo Leal

No dia 5 de julho, uma tarde luminosa e calorosa acolheu o lançamento dos dois novos livros de Beatriz Meireles, no jardim da sua casa em Mouriz. O evento, que assinalou também os 40 anos da autora paredense, juntou amigos, familiares, leitores e figuras da cultura num ambiente festivo, mas profundamente sentido e emotivo.

Com o calor a marcar presença e uma “cunha a São Pedro” que, nas palavras da própria autora, terá sido um pouco “em excesso”, a festa iniciou-se às 17h30 com chá servido no jardim, entre flores e sombras cuidadas com esmero. Seguiu-se, a apresentação da obra infantojuvenil “Bernardo e a Borboleta do Vale de Torga”, num momento que juntou diferentes vozes e olhares sobre o livro: Carlos Daniel, Olívia Clara Pena, João Manuel Ribeiro, Lisveth Ponce de Léon, Rosário Gambôa, Beatriz Meireles e Laura Guimarães.

Posteriormente, foi feito o corte simbólico do bolo de aniversário, marcando os 40 anos de vida da autora. A celebração prosseguiu de seguida com a apresentação do segundo livro, “É hora do chá no jardim! 40 anos – 40 textos”, uma antologia que percorre quatro décadas de escrita, entre crónicas, memórias e reflexões. O painel contou com: Carlos Daniel, Ana Maria Fernandes, João Manuel Ribeiro, Agostinho Santos, Nassalete Miranda, Beatriz Meireles e Fernando Soares.

Beatriz Meireles destacou a importância do apoio da família e amigos, dos seus colaboradores mais próximos, “que são antes de tudo amigos”, e recordou que este percurso criativo começou há vários anos, inspirado por momentos simples, como o pestanejar do filho, que lhe despertaram ideias e metáforas visuais, como as asas de uma borboleta.

Referiu ainda que o espaço do jardim, onde a história nasceu, foi essencial para a criação, assim como a lembrança da casa da avó, onde uma borboleta embalsamada a fazia pensar sobre beleza e liberdade. “Mesmo pequena, questionava a ausência de liberdade daquela borboleta presa à moldura”, partilhou.

A Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Paredes fez uma intervenção sentida que sublinhou a importância da ligação entre literatura e território.

“Ainda que aqui esteja como Vereadora, falo também como autora. Os autores têm uma responsabilidade: enaltecer a terra e as suas gentes”, afirmou, destacando as referências feitas por Beatriz Meireles ao sul do concelho e à fauna e flora da região.

A Vereadora interpretou o percurso narrativo da obra infantojuvenil como uma metáfora de transformação: “A gruta escura representa os desafios sociais, como o da integração da comunidade cigana, mas o Vale de Valorga simboliza a superação, o lugar onde se cumpre o sonho, com trabalho, persistência e sensibilidade.”

Acrescentou que “a metamorfose da borboleta é também a nossa: tornamo-nos mais fortes sem perder a delicadeza”, e concluiu  que eventos como este são uma demonstração de que “a cultura tem lugar e raízes” em Paredes.

O final da tarde foi marcado por entrega de lembranças, abraços e cantos de parabéns, encerrando um momento que ficou na memória dos presentes, mais do que uma festa literária, uma celebração íntima da palavra e da vida.