Festas de Sobrosa marcadas pela sátira política ao PSD

por Ricardo Leal
As tradicionais marchas populares de Sobrosa, que decorreram esta segunda-feira, ficaram marcadas por críticas políticas em tom de sátira dirigidas à Junta de Freguesia de Vilela e à líder do PSD Paredes, Mariana Machado da Silva. Num ambiente festivo, mas carregado de simbolismo, vários carros alegóricos deram expressão à insatisfação popular quanto ao erro administrativo que, no papel, transferiu dezenas de ruas de Sobrosa para Vilela.
Entre os destaques, um carro representava a empresa Antarte, de Mário Rocha, como uma alegórica “fábrica de políticos”, e outro, mais polémico, associava Mariana Machado da Silva ao Presidente russo Vladimir Putin. A inscrição que mais deu que falar lia-se em letras grandes: “Filha da Putin ataca Sobrosa – Só o Tiago nos pode salvar”.
A crítica surge no contexto de um diferendo sobre os limites administrativos entre as duas freguesias. Um erro na atualização da Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), feita em 2001, atribuiu dezenas de habitações tradicionalmente ligadas a Sobrosa à freguesia de Vilela. A mudança implica que muitos moradores possam ter de atualizar documentos oficiais como Cartão de Cidadão, carta de condução ou contratos de serviços.
A Junta de Sobrosa tem tentado reverter a situação, alegando que se trata de um erro técnico, mas acusa Mariana Machado da Silva, presidente da Junta de Vilela, de bloquear a correção. Em resposta, a Junta de Vilela divulgou esta semana um comunicado onde rejeita qualquer responsabilidade, sublinhando que a redefinição dos limites foi feita pela Direção-Geral do Território, sem intervenção das juntas.
A autarquia de Vilela alega ainda que, desde 2021, tem vindo a cumprir determinações técnicas da Câmara Municipal de Paredes relativamente à atribuição de nomes de ruas nas zonas em disputa, e lembra que nunca foi interposta qualquer ação judicial por parte da Junta de Sobrosa.
A mensagem não passou despercebida tendo o candidato do PSD à Câmara Municipal de Paredes, Mário Rocha, e também detentor da Antarte, que foi visada no desfile, respondido publicamente, procurando desvalorizar os ataques, mantendo o foco na campanha.
Fontes ligadas à organização das Festas de Sobrosa garantem que a sátira não teve como objectivo ofender, mas sim chamar a atenção para a forma como a política tem afectado a comunidade.