23 Setembro, 2025

Manuel Pinho: “Não venho para me governar, venho para servir Paredes”

Manuel Pinho JPP
por Ricardo Leal

O Progresso de Paredes dá início à série de sete entrevistas aos candidatos à Câmara Municipal, no âmbito da rubrica “Cadeira do Poder”, criada em homenagem ao mobiliário paredense, ex-libris do concelho.

O primeiro convidado foi José Manuel de Pinho Ferreira, de 49 anos, natural de Paredes, com percurso ligado à comunicação social e à intervenção cívica. Fundador do jornal Yes Paredes e antigo Presidente da ACIP, Manuel Pinho recandidata-se à liderança do município pelo movimento “Juntos por Paredes”, em coligação com o partido “Nós, Cidadãos!” e o “Partido Monárquico”.

Na abertura da entrevista, o candidato explicou os motivos que o levam a regressar à corrida autárquica. “Já em 2021 apresentamos uma candidatura que conquistou representação na Assembleia Municipal. Esse trabalho foi reconhecido e queremos agora dar continuidade a um projeto independente, próximo das pessoas e focado no bem comum”, afirmou.

Entre as principais preocupações destacou a questão ambiental, com especial enfoque para o estado do Rio Ferreira. Manuel Pinho considera que “o concelho foi vítima de um crime ambiental gravíssimo”, criticando a forma como a Câmara Municipal tem gerido o processo. “Conheço famílias prejudicadas e empresas afetadas. É inadmissível permitir descargas de lamas e não resolver a situação da ETAR. O concelho merece rios limpos e devolvidos à comunidade”, defendeu, acrescentando que as populações devem ser ressarcidas pelos prejuízos sofridos.

Sobre a Fábrica de Resíduos Urbanos, sublinha ser favorável à valorização energética, mas discorda da localização escolhida e da forma como o processo foi conduzido. “Não podemos estar contra soluções para o futuro, mas se o investimento foi feito em Paredes, também o concelho deve beneficiar diretamente. Infelizmente, o executivo municipal não cumpriu a palavra dada à população”, acusou.

No plano financeiro, o candidato levantou sérias reservas quanto ao impacto do resgate da concessão das águas, que representa um passivo contingente de cerca de 110 milhões de euros. “Quando um autarca decide sem certezas, pode comprometer o futuro do concelho. Não podemos iludir os cidadãos com promessas quando a Câmara se encontra no limite financeiro”, frisou.

Relativamente às infraestruturas, manifestou reservas quanto ao Centro Cultural de Paredes, que custou aproximadamente 11 milhões de euros. “É positivo termos este espaço, mas falta criar uma verdadeira casa das artes, com conservatório, academias e condições para os jovens desenvolverem talento. Não basta erguer um telhado, é preciso consolidar as bases da cultura”, apontou.

Na área do desporto, considera essencial garantir condições em todas as freguesias, mas rejeita investimentos feitos apenas para efeitos de propaganda. “Os apoios devem ser avaliados com base no custo-benefício e nos planos das associações. Só assim se evita repetir situações em que se investiu sem que houvesse necessidade real”, exemplificou.

Sobre a educação e juventude, defendeu maior articulação com IPSS e associações para aumentar a rede de creches e prometeu melhorias na qualidade das refeições escolares. “Mais do que a gratuitidade, importa assegurar que as nossas crianças tenham refeições dignas e nutritivas. Hoje isso não acontece”, lamentou. Propôs ainda canalizar parte da receita do IRS para apoiar jovens no ensino superior, garantindo que “nenhum paredense deve deixar de estudar por dificuldades económicas”.

Questionado sobre a relação com as freguesias, assegurou governar de forma igualitária: “Serei presidente de todos, independentemente das cores partidárias. O partido de cada presidente de junta deve ser a sua freguesia”, disse, lembrando que candidaturas independentes não estão sujeitas a lógicas de pressão partidária.

A entrevista terminou com um apelo direto ao eleitorado. “Não venho para me governar. Venho para servir e para ajudar os paredenses a melhorar a sua qualidade de vida. A nossa candidatura representa a força da mudança e uma forma diferente de fazer política em Paredes”, concluiu.