Os primeiros 100 dias do atual mandato da câmara de Paredes

 “…os primeiros 100 dias deste mandato foram um vazio completo e um autêntico manual do que não deve ser feito à frente de uma câmara”

Nas últimas semanas fui lendo artigos nos mais variados jornais, dando nota da ação política dos executivos camarários nos primeiros 100 dias após as últimas eleições autárquicas.

Não foi com espanto que reparei que nenhum desses artigos era sobre a atuação do executivo da câmara de Paredes, pois os primeiros 100 dias deste mandato foram um vazio completo e um autêntico manual do que não deve ser feito à frente de uma câmara.

Assim, uma vez que não existe matéria para falar sobre o que foi bem feito, irei falar daquilo que foi mal feito ou não foi feito.

Tudo começou pela aprovação de um orçamento camarário para 2014, que uma vez mais não defende os interesses dos paredenses. Em primeiro lugar porque vem empolado de forma fictícia, contendo receitas que a câmara sabe de antemão que não vai obter, criando, como nos anos anteriores, ilusões de grandezas que não existem e não são verdadeiras. Depois foi um orçamento que não olhou às dificuldades pelas quais os paredenses estão a passar. Não foi reduzida a taxa de IMI para o mínimo, quando havia margem para isso, pois a receita orçamentada com o IMI para 2014 é superior em cerca de 1 milhão de euros à de 2013, pelo que se poderia ter descido essa taxa sem perda de receita para a câmara.

Mas esta falta de sensibilidade pelas dificuldades dos paredenses não se ficou pelo orçamento. A tarifa de água e saneamento sofreu em janeiro de 2014 um aumento superior a 16% e o regulamento da água e saneamento, que foi aprovado no início de 2014, voltou a não acatar uma das recomendações da ERSAR- Entidade Reguladora – há muito reclamada pelos paredenses – o não pagar pelos ramais de ligação de água e saneamento construídos fora da propriedade dos consumidores.

Falemos agora de obras. As obras que já vêm de mandatos anteriores estão totalmente paradas. A cidade desportiva, em Mouriz, não avança. Os pavilhões municipais ainda não estão totalmente acabados e a sua gestão foi entregue a diferentes entidades, sem um regulamento municipal de utilização dos mesmos.

As casas para designers na feira de Paredes estão na mesma. O novo quartel da GNR, em Lordelo, continua por concluir. O posto de turismo, para dar informações sobre as “obras de arte” que estão espalhadas pela cidade de Paredes, continua fechado. Os centros escolares estão a chumbar em inspeções, denotando problemas de conceção. A fábrica do design, que ia ser construída em Lordelo, foi chumbada pelo Tribunal de Contas por falta de capacidade financeira da câmara.

Ficamos também esta semana a saber que a câmara de Paredes não está a cumprir com o que se comprometeu ao aderir ao empréstimo que o Estado lhe fez de quase 20 milhões de euros para pagar dívidas em atraso a fornecedores. Este incumprimento vai originar cortes nas receitas que a câmara recebe do Estado, o que vai debilitar ainda mais a tesouraria.

Que mais poderia ter acontecido de negativo à câmara nestes primeiros meses? A decisão do Tribunal da Relação do Porto sobre a venda dos terrenos do estádio do União de Paredes. O Tribunal decidiu anular a venda e, como tal, a câmara fica na contingência de ter de devolver 8,5 milhões de euros que recebeu pela venda desses terrenos.

O que começa mal, tarde ou nunca se endireita, mas esperemos que os restantes dias do mandato possam aportar notícias mais positivas para o concelho de Paredes.

Os munícipes de Paredes merecem mais e melhor.

Alexandre Almeida