Os serviços públicos básicos

Agora que o circo mediático do futebol acabou, com ilusões, frustrações e uma certa alienação, voltemos ao terreno das coisas concretas.

A urgência básica do hospital de Valongo, que serve cerca de 150 mil utentes por ano e abrange o concelho de Valongo (freguesias de Valongo, Campo e Sobrado, principalmente), algumas freguesias de Gondomar (Fânzeres e S. Pedro da Cova) e de Paredes (Gandra), vai encerrar no dia 15 de Julho.

Cerca de duas centenas de pessoas, incluindo autarcas, participaram num protesto marcado para a frente do hospital de Valongo, acção marcada antes de ser conhecida uma carta chegada à câmara deste concelho.

No documento, remetida pelo Centro Hospitalar de São João, que tem sede no Porto, no qual está integrado o Hospital de Valongo, lê-se que “este plano [Plano Estratégico do Centro Hospitalar de São João para o Polo de Valongo], cuja aplicação se reiniciará no dia 15 de julho de 2014, inclui o encerramento da urgência básica”.

Em altura de profundos constrangimentos para as famílias, encerram estas urgências por ditas razões economicistas quando proliferam as unidades de saúde privadas como o novo hospital privado de Alfena [freguesia de Valongo]. O H. S. João (disseram utentes na concentração de protesto) fica a cerca de três quartos de hora de viagem de autocarro, numa carreira que passa em espaços muito grandes de tempo. Autarcas acordam pela primeira vez para uma situação grave. A população percebe que tem muito a perder.

Acumulam-se informações na forma de “rumores” muito indesejáveis para utentes de serviços de saúde, nomeadamente na área dos cuidados primários de saúde, em freguesias importantes da região interior do distrito do Porto. O manto de silêncio esconde decisões já tomadas?

Na mesma medida o governo ataca a escola pública e ordena o encerramento de escolas, sob o pretexto de elas terem menos de 21 alunos. Entre outras já objeto de intervenção de autarcas e organizações locais do PCP, estão a Escola da Laje em Parada de Todeia (Paredes), a EB de Gandra /Guilhufe e da Igreja, Cruzeiro /São Mamede de Recezinhos (Penafiel), EB de Barreiro, Cimo de Vila, Igreja Viariz, Ladoeiro, Loiros da Ribeira, e Rua (em Baião).

Algumas como a de Parada de Todeia, tem alunos, transporte assegurado, instalações renovadas com cantina, polidesportivo, aquecimento, mas a teimosia e a cegueira falam mais alto. Há quem tendo aprovado as Cartas Educativas, sinta agora quão errado foi tal acto, havendo até a sua ultrapassagem (a generalização) pelos decisores políticos.

Infelizmente o grande objectivo dos estrategas nacionais do PSD é encerrar tribunais, repartições de finanças, escolas, unidades de saúde, reduzir os serviços públicos de proximidade, privatizando o que resta, para os amigos de peito. O neoliberalismo torna inseguro o futuro de milhões de portugueses.

Vejamos a simples compra de um selo dos correios, cada vez mais restrita a estações de correio e a uma ou outra livraria ou quiosque. O serviço postal está degradado, perdendo a sua eficácia e universalidade e aumentando os seus custos de forma a garantir o lucro indevido aos investidores nacionais e americanos.

Só a mudança radical de orientação política permitirá fugir ao flagelo da falência do Estado como prestador de serviços essenciais.