30 anos depois: Barracas da comunidade cigana cedem espaço para zona habitacional

Ao fim de três décadas, as barracas que marcaram a paisagem de uma das zonas mais esquecidas do centro da cidade desapareceram. No lugar onde durante anos viveu a comunidade cigana, ergue-se agora um novo complexo habitacional, inserido num projeto de reabilitação urbana que pretende devolver dignidade ao espaço público e melhorar as condições de vida dos residentes.
Da antiga zona da comunidade cigana, já não sobra nada. Esta zona será para habitação social com rendas acessíveis e controladas, a nova Polícia Municipal e a Proteção Civil.
A demolição das estruturas foi concluída hoje. Esta quarta-feira, 17 de abril, assinalou-se simbolicamente o novo começo. Beatriz Meireles, Vereadora da Ação Social, não escondeu a emoção: “Hoje é um dia feliz. A destruição é sempre mais rápida, a construção de Paredes mais difícil.”
Durante anos, a zona foi palco de denúncias por más condições de habitabilidade, exclusão social e abandono por parte das entidades públicas. As barracas, construídas de forma precária e sem infraestruturas básicas, foram o lar de várias gerações da comunidade cigana. O processo de realojamento, que começou há cerca de dois anos, foi marcado por negociações longas, resistências e a necessidade de garantir que ninguém ficasse sem resposta habitacional.
Segundo a autarquia, todas as famílias que residiam no local foram realojadas em habitações condignas, com acompanhamento social e planos de integração. No entanto, algumas associações de defesa das comunidades marginalizadas alertam para a importância de continuar a monitorizar a situação, garantindo que estas pessoas não foram apenas deslocadas, mas verdadeiramente incluídas.
Com este passo, a autarquia procura virar a página de um passado marcado pela segregação, e aposta num futuro de maior coesão social. Mas o desafio está longe de terminado.