24 Abril, 2025

Mário Camilo Mota: A credibilidade e as autárquicas!

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a opinião de Mário Camilo Mota

Olhar Além das Laranjeiras

 

semana passada dediquei este espaço à falta de credibilidade de algumas pessoas que passam pelos órgãos políticos que decidem o rumo do país. Nestes últimos dias foi de Valongo que as notícias trouxeram um enredo de corrupção para o licenciamento da implantação de cadeias internacionais como o “Aldi” e o “McDonald’s” trazendo à tona um assunto de que todos falam mas ninguém sabe ao certo. Em Paredes, o titular da presidência acaba de sair do tribunal afirmando-se inocente nas escolhas do gabinete de comunicação municipal durante o processo autárquico de 2021, o que ninguém acredita, mas faz com que as escolhas do povo que irá escolher permaneçam condicionadas à comunicação do próprio município. Por exemplo, em Penafiel (aqui ao lado), o PSD tem dado reviravoltas por uma escolha de candidato à Câmara que em tudo será surpreendente, mas a escolha será do próprio titular do cargo que se encontra em fim de ciclo e em contra-ciclo com a escolha do próprio partido.

Apesar de amplamente divulgados, estes escândalos representam uma pequena fração no universo de milhares de autarcas que, com recursos limitados e frequentemente insuficientes, continuam a lutar pela melhoria das condições de vida dos seus concidadãos.

Não se pode permitir que esses casos isolados assombrem o trabalho essencial, invisível, realizado pela vasta maioria dos autarcas. Longe dos holofotes e da notoriedade mediática, muitos dedicam-se diariamente à resolução de problemas concretos que afetam as suas comunidades, desde a manutenção de infraestruturas básicas até ao necessário apoio social e económico. Generalizar a ideia de que o poder local é intimamente corrupto ou ineficaz é não só uma visão distorcida, mas com ela estaríamos a contribuir para um círculo vicioso de desinteresse cívico e afastamento e inação e, por sua vez, a falta de ação permite que os verdadeiros corruptos operem com ainda mais impunidade.

É precisamente o poder local, com a sua proximidade única, que está na primeira linha da gestão de questões cruciais como a educação, segurança, habitação, transportes, saúde e ambiente. Quando desvalorizamos o seu papel, estamos, na verdade, a minar o impacto vital que estes têm, especialmente nos territórios de baixa densidade, onde o défice de financiamento e a falta de atenção do poder central são crónicos.

Num país onde a centralização do Estado aprofunda um fosso alarmante entre os órgãos de poder e as reais necessidades dos territórios, a importância do poder local torna-se ainda mais evidente e inquestionável.

O poder local não pode, de forma alguma, ser visto como um mero palco para disputas partidárias e atribuição de lugares. Pelo contrário, é a nível local que se estabelecem as bases para uma sociedade mais justa, consciente e resiliente. Cada voto conta e tem um impacto profundo, seja na melhoria das infraestruturas, na promoção da justiça social, ou na implementação de políticas ambientais verdadeiramente sustentáveis.