Tensões marcaram última Assembleia Municipal de Paredes

Na sessão da Assembleia Municipal de Paredes, realizada a 26 de fevereiro de 2025, destacaram-se intervenções que evidenciaram a dinâmica política local.
O deputado municipal Manuel Gomes (PSD) expressou sentimentos de frustração e desalento ao abordar, pela décima vez, o problema ambiental no Rio Ferreira, acusando o Presidente da Câmara de Paços de Ferreira de inação perante a situação da ETAR de Arreigada. Manuel Gomes enfatizou a necessidade urgente de resolver o que considera um crime ambiental contínuo, afetando a fauna e a qualidade de vida das populações ribeirinhas.
Por outro lado, Rui Silva (PS) trouxe à discussão a recente absolvição do Presidente da Câmara, Alexandre Almeida, num processo que o acusava de violação de neutralidade e imparcialidade devido a publicações no Facebook institucional durante a pré-campanha eleitoral de 2021. O tribunal considerou as publicações legítimas, mesmo em período eleitoral. Rui Silva criticou a oposição por recorrer da decisão, acusando-a de utilizar os tribunais como estratégia política e desrespeitar a vontade popular expressa nas urnas. Mencionou ainda a existência de uma “coligação judicial” formada por derrotados das eleições de 2021, incluindo membros da Assembleia e administradores de canais de informação.
José Miguel Garces (CDS), por sua vez, abordou questões fiscais, nomeadamente o valor arrecadado do IMI pela autarquia. Criticou a oposição por utilizar linguagem inapropriada e lembrou promessas não cumpridas, como a construção de novas instalações para o Conservatório de Paredes. José Miguel Garcês defendeu a necessidade de uma discussão política centrada em propostas concretas para o desenvolvimento do concelho, evitando ataques pessoais e discursos vazios.
O Presidente da Junta de Beire, José Carlos Barbosa (PS), respondeu às acusações de José Miguel Garcês, afirmando a sua legitimidade enquanto eleito pelo povo de Beire. Criticou o deputado por, alegadamente, ter enganado o PSD ao formar uma coligação e anunciar o divórcio antes da contagem dos votos. José Carlos Barbosa justificou o uso do termo “aldrabão” para quem propaga mentiras e esclareceu que o aumento da arrecadação do IMI se deve ao aumento do número de contribuintes e não ao aumento da taxa, que se mantém no mínimo desde a eleição do PS.
O Presidente da Câmara, Alexandre Almeida criticou a oposição por não apresentar propostas concretas para o desenvolvimento do concelho. Destacou os investimentos realizados pelo executivo em áreas como educação, cultura, saúde e desporto. Alexandre Almeida reafirmou o compromisso de transferir o Conservatório de Música para a Casa da Cultura e garantiu que, enquanto estiver à frente da autarquia, continuará a trabalhar em prol do desenvolvimento de Paredes. Em tom de indireta, recomendou a oposição para se preocupar com a construção de armazéns em nós de autoestrada fora das normas (60 metros em vez de 150 metros).
- Renúncias na Assembleia Municipal de Paredes
A sessão da Assembleia Municipal de Paredes, a 26 de fevereiro, começou com a renúncia de dois deputados municipais. Cátia Filipa (PS) deixou o cargo para assumir funções na Câmara Municipal, considerando moralmente injustificável manter-se na Assembleia. A sua substituição por Daniela Sousa foi aprovada por unanimidade. Já Silvestre da Silva Carneiro alegou falta de disponibilidade por razões profissionais e foi substituído por Sandra Daniela Rocha Gaspar, que já havia prestado juramento anteriormente. As renúncias foram aceites sem contestação.
- Política fiscal e IMI geram debate aceso
O aumento da arrecadação do IMI esteve no centro de um intenso debate. A oposição acusou o executivo de aumentar a carga fiscal, mas no uso da palavra, o Presidente da Junta de Beire, José Carlos Barbosa, garantiu que a taxa se mantém no mínimo desde 2017 e que a subida das receitas se deve ao maior número de contribuintes.
- Conservatório e PDM: entre a cultura e urbanismo
A possível transferência do Conservatório de Música para a Casa da Cultura gerou discussão. O Presidente da Câmara, Alexandre Almeida, defendeu a mudança, sublinhando que o espaço já funcionou como escola e que a utilização do auditório traria benefícios. Por outro lado, as alterações ao Plano Diretor Municipal (PDM) também foram tema central. A CCDRN impôs critérios mais rigorosos para a construção, permitindo apenas edificação em zonas com infraestrutura a 35 metros da estrada.