Discursos dos líderes políticos evocam valores de liberdade na Sessão Solene de 2024

No dia 25 de abril decorreu a tradicional Sessão Solene, organizada pelo Município de Paredes. O evento deste ano teve lugar no novo Centro Cultural de Paredes, no dia da sua inauguração. O espaço encheu-se de personalidades políticas e também da sociedade civil que se juntaram para celebrar os valores de abril. Na cerimónia discursou José Baptista Pereira, Presidente da Assembleia Municipal de Paredes; Cecília Mendes, do Juntos por Paredes; Jorge Ribeiro da Silva, do CDS-PP; David Ferreira, do Partido Social Democrata; Rui Silva, do Partido Socialista e Alexandre Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Paredes.

Em todos os discursos da manhã, foi possível relembrar partes da história do 25 de abril e de reforçar que esta data importante para Portugal, marca a Revolução dos Cravos em 1974. Este acontecimento histórico pôs fim a décadas de ditadura e resultou num golpe militar pacífico que restaurou a democracia no país.

Presidente da Assembleia Municipal de Paredes – José Baptista Pereira

José Baptista Pereira, Presidente da Assembleia Municipal de Paredes foi o primeiro a intervir nesta sessão solene. O Presidente começa por explicar que se inspirou numa frase de um estadista irlandês, Edmund Burke que dizia “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”. Para José Batista Pereira “comemorar os 50 anos de uma data tão emblemática como é 25 de abril é mais do que celebrar um acontecimento histórico. Estamos a comemorar o dia em que os ventos de mudança sopraram vigorosamente sobre o que Tomás Ribeiro chamou: o nosso jardim na Europa à beira mar plantado. Ventos de mudança que varreram cada vez para mais longe, as cinzas de um regime opressivo e ditatorial que por tanto tempo, 48 anos, aprisionou os sonhos e aspirações do povo português. Foram 48 anos de estagnação, atraso, vícios de forma e certa forma tradição que ainda não recuperamos totalmente, apesar de já terem passado 50 anos após a revolução. A burocracia, o compadrio, a cunha, a iliteracia, a falta de ética e vergonha tão tradicionais entre nós, infelizmente, são uma herança pesada que fragiliza e condiciona perante o mundo moderno”.

Coligação Juntos por Paredes – Cecília Mendes

Cecília Mendes, da Coligação Juntos por Paredes foi a única mulher a discursar nesta cerimónia em que afirmou que “na tapeçaria da magnífica e longa história de Portugal, a geração do 25 de abril emerge triunfante como o fio condutor entre um antes sombrio e bafiento e um depois onde presente e o futuro se mostram resplandecentes. Antes da revolução de abril, as páginas desta história recente estavam limitadas e manchadas pelo estado novo, onde a liberdade real e efetiva era uma miragem e a censura sufocava as vozes dissidentes. No dia 25 de abril de 1974, o país foi testemunha ativa de uma metamorfose singular. Esse antes deu lugar a um depois repleto de esperança e liberdade. Nas ruas o povo aclamava pelos herois, uns conhecidos, outros anónimos até aos dias de hoje. Os cravos que do nada se tornaram símbolo dessa revolução pacífica, floresciam e calaram as vozes das espingardas. A Revolução dos Cravos não apenas derrubou um regime nefasto mas também desencadeou objetivamente uma onda de transformação social, económica e política  devolvendo definitivamente Portugal ao mundo”.

CDS-PP – Jorge Ribeiro da Silva

Jorge Ribeiro da Silva, do CDS-PP, começou o seu discurso ao lembrar que foi “na rádio que se ouviram as senhas que secretamente deram o sinal para saírem as tropas dos quartéis, naquela madrugada de 25 de abril de 1974. Por volta das 22:55h do dia 24, João Paulo Dinis na Antena dos Emissores Associados de Lisboa pôs no ar “E depois do adeus” de Paulo de Carvalho, música vencedora do Festival da Canção desse ano. Depois, na rádio Renascença, “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso a confirmar o arranque da revolução. Estava confirmado, o ponto sem retorno que no dia seguinte seria uma nova era na história de Portugal e um começar de novo na vida de Portugal e de todos os portugueses. Foi o dia inicial, mas não o do resgate final para a liberdade, para a democracia e para o estado direito democrático, como dando mote ao verso “hoje é o primeiro dia do resto da tua vida”. Para trás ficava o regime ditatorial instituído pela Constituição de 1933, com que o decante Presidente do Conselho de Ministros conduziu os destinos da metrópole e das províncias ultramarinas, apenas derrubado não por revolução ou eleição mas por um acidente com uma cadeira”. 

Partido Social Democrata – David Ferreira

O Partido Social Democrata, fez-se representar pelo líder David Ferreira, que consumou o regresso da presença oficial do partido nesta sessão solene. Começou a sua intervenção lançando um desafio “vemos estas comemorações apenas como a celebração de uma efeméride ou serve a mesma para refletir sobre os motivos que a originaram. Estamos melhor, pior ou igual há 50 anos, no que à liberdade diz respeito? Começo por enaltecer todos os homens e mulheres que sonharam viver num país livre e que decidiram colocar esse sonho em prática. A revolução não se deu apenas com os seus herois. Houve muitos homens e mulheres que arriscando as suas vidas muito contribuíram para aquele dia. Mas não tenhamos ilusões que àquela data havia apenas inconformado constar das coisas. A ditadura só se prolongou por tanto tempo pois existia muita gente confortável que tirava qualquer vantagem dada pelo regime em vigor. E não me refiro certamente ao povo, relembro que fomos um dos últimos países europeus a sair da ditadura.”. Posteriormente David Ferreira elencou algumas das conquistas alcançadas com o 25 de abril.

Partido Socialista – Rui da Silva

Rui da Silva, do Partido Socialista abordou no seu discurso “um dos momentos mais marcantes da nossa história coletiva” e explica que “este dia ficou gravado nas páginas da nossa memória como um marco que libertou Portugal de um regime opressivo e abriu portas à democracia e liberdade de que hoje desfrutamos. Há meio século, um movimento corajoso e determinado  de militares e civis ousou desafiar a injustiça, a censura, a repressão e a falta de liberdade que sufocava a nação. A 25 de abril de 1974 o povo portugues uniu-se nas ruas erguendo cravos vermelhos e cantando hinos de esperança, exigindo o fim de décadas de opressão e a conquista de direitos fundamentais. Neste aniversário tão significativo é imperativo lembrarmos a coragem daqueles que enfrentaram a adversidade e arriscaram as suas vidas pela liberdade. Devemos honrar a memória dos que caíram nesta jornada, pela democracia e justiça social, agradecendo-lhes pelo legado de liberdade que nos deixaram”.

Presidente da Câmara Municipal de Paredes – Alexandre Almeida

Alexandre Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Paredes no seu discurso destacou que “todos somos produtos do 25 de abril de 1974. Todos temos de estar orgulhosos por estar ao serviço das pessoas e ter o privilégio de celebrar esta data importante”. Reforçou ainda que queria prestar duas homenagens importantes aos militares de abril que “tiveram a coragem de dizer basta da tirania, da censura, da falta de direitos básicos, e, mesmo sem saberem qual seria o desfecho da sua ação, avançaram pela liberdade do nosso país. Homenageio, ainda, todos os políticos eleitos após o 25 de abril”.